Malignant Worthlessness - Pissgrave

24-03-2025

Na selvageria desmedida do death metal mais extremo, poucos nomes hoje conseguem ser tão brutais, viscerais e absolutamente intransigentes quanto o Pissgrave. O quarteto da Filadélfia, conhecido por sua estética gráfica chocante e abordagem sonora implacável, retorna com seu terceiro álbum, Malignant Worthlessness, e entrega exatamente o que se espera — um caos absoluto, sem concessões, sem espaço para respiros.

Sim, o álbum é ruidoso. E não é pouco. O som parece saído diretamente de uma câmara de tortura sônica, onde cada instrumento briga por espaço numa parede de ruído saturado. Mas por trás dessa densidade abrasiva, há um método perverso. O Pissgrave não está aqui para agradar ou soar "produzido". Sua proposta é clara desde o início da carreira: canalizar a podridão da existência humana em música, da forma mais crua e primitiva possível.

Em Malignant Worthlessness, o ouvinte atento — e corajoso — consegue perceber nuances importantes: os riffs cortantes que rememoram o death metal da velha guarda, a bateria que alterna entre a velocidade e a demolição controlada, e os vocais distorcidos que mais parecem gritos capturados do inferno. É música para quem busca o desconforto. E nisso, o Pissgrave é mestre.

Diferente de bandas que poliram sua sonoridade ao longo do tempo, o Pissgrave aprofunda sua estética lo-fi e nojenta. É quase como se o álbum tivesse sido gravado dentro de um porão úmido, com equipamento sabotado e microfones mal regulados — mas tudo isso faz parte do charme do grupo. Há um senso de autenticidade aqui que é raro. O som não foi feito para streaming, nem para agradar algoritmos. Foi feito para incomodar. E, paradoxalmente, esse incômodo é o que torna o álbum tão fascinante.

Destaques como "Euthanasia Tourism" e "Posthumous Grief" mostram que, mesmo no meio da destruição sonora, há estrutura, há composição. O Pissgrave não é apenas barulho — é barulho com intenção, com visão. É como se a banda dissesse: "se você aguentar ouvir isso até o fim, verá o que realmente somos."

Malignant Worthlessness não é para iniciantes. É um manifesto de repulsa, um mergulho de cabeça no niilismo mais cru. E, dentro da proposta extrema que abraça, é um trabalho extremamente competente. O Pissgrave continua sendo uma das poucas bandas capazes de manter viva a essência mais suja e desumana do death metal. Para os bravos o suficiente, esse disco é uma experiência purificadora — no pior sentido possível. E isso é um baita elogio.

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