Ascension - Mirar
O duo franco-norueguês Mirar estreia com Ascension, um álbum que, à primeira vista, soa como uma mistura improvável: djent e dubstep. A fórmula já foi tentada antes por algumas bandas, mas raramente com tanta coesão e impacto. O resultado? Uma porrada sonora bem calculada, que acerta onde precisa e não se perde em exageros. É moderno, é técnico, mas acima de tudo, é pesado e instigante.
Desde a faixa de abertura, "Ethereal Collapse", fica claro que Mirar não está aqui para entregar apenas mais um disco genérico de metal moderno. Os riffs de guitarra são calculadamente mecânicos, ressoando com um peso opressor, enquanto a bateria programada e os sintetizadores dão um ar futurista, quase distópico. Tem groove, tem agressividade e, o mais importante, tem identidade.
"Vortex Syndrome" é um dos grandes destaques, equilibrando dissonâncias matemáticas com atmosferas eletrônicas pulsantes. O breakdown vem carregado de tensão, mas sem soar forçado, algo que muitas bandas do estilo erram feio ao tentar emular. "Synthetic Pulse", por sua vez, abraça o lado mais experimental do duo, trazendo variações rítmicas inesperadas e camadas de sintetizadores que mais parecem sirenes de uma guerra cibernética.
Se tem um problema no álbum, é que algumas faixas poderiam se diferenciar mais. Depois da metade do disco, algumas estruturas começam a parecer um pouco previsíveis, como se a banda tivesse achado um padrão confortável e decidido não sair muito dele. A produção também é cristalina – talvez até demais para quem gosta de um som mais orgânico e visceral. Mas isso não chega a comprometer a experiência, apenas deixa claro que Mirar ainda tem espaço para evoluir e refinar seu som.
No geral, Ascension é um debut sólido, que consegue unir peso, complexidade e modernidade sem soar artificial ou prepotente. Se você curte Meshuggah, Periphery ou até experimentações como as do The Algorithm, vai encontrar bastante coisa interessante aqui. Mirar pode ter chegado agora, mas se continuar nessa pegada, tem tudo para se tornar um nome relevante no metal extremo contemporâneo.
